Plástico biodegradável: uma solução para a poluição do planeta

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Apesar de toda a praticidade que o plástico proporciona, sabemos que se tornou um grande inimigo do planeta, por sua durabilidade e difícil deterioração. Os oceanos estão ficando infestados de lixo, o que ameaça diversas espécies marinhas. Só 9% dos detritos de plástico são recicláveis. E a queima desses materiais contribui para a emissão de gases do efeito estufa. Copos e embalagens feitos com materiais orgânicos e melhores técnicas de reciclagem podem ser uma solução?

Tornamo-nos totalmente dependentes do plástico. É durável e versátil, e a economia moderna, em parte, depende desse material. Para muita gente que usa, simplesmente não existem opções comerciais biodegradáveis viáveis e em quantidade suficiente para substituir.

Um exemplo é o canudo de plástico. A empresa Primaplast, fabricante líder de canudos, diz que alternativas mais ecológicas são muito mais caras.

Outro exemplo é o copo de café descartável. No Reino Unido, são jogados 2,5 bilhões de copos assim todo o ano. E se engana quem pensa que eles são recicláveis. Uma camada de polietileno usada para tornar o copo impermeável impede o reaproveitamento.

As alternativas que estão surgindo

Uma empresa que está tentando mudar isso é a Biome Bioplásticos, que já desenvolveu copos completamente recicláveis usando materiais orgânicos como fécula de batata e amido de milho, e celulose. Os plásticos mais tradicionais são feitos de óleo.

“Vários consumidores compram os copos em boa fé, achando que eles podem ser reciclados”, diz Paul Mines, chefe-executivo da empresa.

“Mas a maioria das embalagens descartáveis são feitas de papelão colado com plástico, o que faz com que não sejam adequados à reciclagem. E algumas são feitas de isopor, que também não pode ser reciclado.”

A empresa criou um plástico feito de planta, chamado bioplástico, que é completamente biodegradável e que pode ser jogado tanto em lixeiras de reciclagem de papel quanto nas de lixo orgânico.

Mines acredita que é a primeira vez que bioplástico está sendo transformado em copos e embalagens descartáveis completamente recicláveis e capazes de resistir a líquidos quentes. Esses produtos ainda não estão no mercado, mas Mines está em negociação com diferentes revendedores.

“Não é viável se livrar por completo dos plásticos, mas é possível substituir alguns plásticos originados do petróleo por outros, derivados de plantas”, diz ele.

Outros produtos estão sendo criados

Várias outras empresas e institutos de pesquisa, como a Full Cycle Bioplastics, a Elk Packaging e o Centro de Pesquisa Tecnológica da Finlândia estão trabalhando no desenvolvimento de soluções mais sustentáveis e funcionais que o plástico convencional.

A empresa MacRebur, de Toby McCartney, desenvolveu um material de asfaltamento de estrada feito de plástico reciclado. A mistura de plástico substitui o betume de óleo, tradicionalmente usado na construção de vias e rodovias.

“O que estamos fazendo é resolvendo, com uma solução simples, dois problemas mundiais: a epidemia de plástico e a baixa qualidade das estradas”, afirma McCartney.

Desde seu lançamento dois anos atrás, o material híbrido da empresa tem sido usado para a construção de estradas por todo o Reino Unido.

Poluição

Mais de 5 trilhões de peças de plástico estão flutuando nos nossos oceanos, algumas das quais podem demorar mil anos para se decompor por completo.

Conforme vão se quebrando ao longo dos anos, pequenos fragmentos de plástico acabam sendo engolidos por animais marinhos.

Cientistas estão particularmente preocupados com a ameaça a tubarões, baleias e arraias. Toxinas de plástico impõem um risco sério à saúde desses bichos, e o microplástico já chegou até ao Ártico, pelas correntes marinhas.

Ação dos governos

O Reino Unido se comprometeu a eliminar todo o plástico substituível até 2042, enquanto a França baniu sacolas de plástico descartáveis.

A Noruega possui há décadas um esquema de depósito de garrafas de plástico – compradores recebem parte do dinheiro de volta ao depositar as garrafas numa máquina coletora. O Reino Unido estuda adotar essa política.

Em São Paulo, as tradicionais sacolas plásticas brancas foram proibidas e alguns supermercados passaram a cobrar dos consumidores por sacolas biodegradáveis que não carregam marcas comerciais.

Materiais de difícil reciclagem

Em San Jose, na Califórnia, a start-up BioCellection “quebra” os plásticos não recicláveis em químicos que podem ser utilizados como matéria prima de vários produtos, de jaquetas de esqui a componentes de carros.

“Nós identificamos um catalisador que corta as cadeias de polímero em pequenas cadeias”, explica Miranda Wang, de 23 anos, uma das fundadoras da start-up.

“Uma vez que o polímero se quebra em pedaços, oxigênio do ar se agrega à cadeia formando valiosos ácidos orgânicos que podem ser purificados e usados para produtos que amamos.”