Dia Nacional do Cego: a tecnologia ajuda, mas nada substitui a gentileza

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Imagine viver sem luz, sem imagens, sem visão…

Nosso primeiro pensamento é que seria impossível, já que vivemos em um mundo totalmente visual. Sim, porque o apelo visual está em todos os aspectos de nossas vidas, na comunicação, na locomoção, no lazer, no consumo. O mundo parece unicamente pensado para quem enxerga, ouve e anda sem nenhum problema. Mas isso não é verdade. A tecnologia facilita a vida de todos nós, inclusive daqueles que nasceram ou que adquiriram ao longo da vida alguma limitação. Assim, é cada vez maior o número de ferramentas, aplicativos, estratégias, equipamentos que permitem ao deficiente visual, e a tantas outras pessoas com todo tipo de limitações, que tenham uma vida normal.

A perda da visão ou sua ausência, estimulam o desenvolvimento dos demais sentidos de modo que o deficiente visual possa adaptar perfeitamente os recursos que tem para desempenhar suas atividades sem a dependência de outras pessoas. Dispõe de bengalas modernas, feitas com materiais leves, que são bastante portáteis; cães-guias com os melhores treinamentos.

Em matéria publicada no ano passado, pelo Diário Catarinense, são apresentados alguns dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente.

Quase todo o dia desponta uma tecnologia que, a princípio, deve facilitar a vida das pessoas. Com os que possuem deficiência visual é a mesma coisa. Pesquisadores se concentram em explorar o potencial da tecnologia vestível, como é chamada a porção que busca soluções de acessibilidade. Do ponto de vista de mercado, os números se justificam: a Organização Mundial da Saúde (OS) aponta 246 milhões de pessoas que sofrem de perda moderada ou severa da visão.

Para pessoas com deficiência visual, existe o braille, sistema de escrita em relevo criado por Louis Braille no século 19, formado por 64 símbolos resultantes da combinação de seis pontos, dispostos em duas colunas de três pontos, que é interpretado pelo tato. Com o tempo, foram surgidos recursos de acessibilidade à informação, como a audiodescrição, uma espécie de tecnologia assistida que amplia as possibilidades de entendimento. E novos programas, e aplicativos.

Porém, ainda existem muitas dificuldades para os cegos se locomoverem com segurança nas ruas das nossas cidades. Calçadas quebradas e com buracos, árvores, postes, sacos de lixo e orelhões no meio do caminho. Por tudo isso, sugere a gerente técnica da Associação Catarinense para Integração do Cego (Acic), Maristela Sartorato Bianchi. Para ela, é preciso que as cidades sejam pensadas também para esta parte da população.

– A tecnologia ajuda, mas uma gentileza ou um ato educado pode fazer a diferença quando se anda nas ruas, na fila de um banco, em ônibus lotados.

A tecnologia, na medida em que se torna acessível aos cegos, é ferramenta indispensável para devolver a autonomia e oferecer nova realidade a quem tem deficiência visual. Conheça alguns aplicativos, com preços ainda elevados

 

LEITOR DE TELAS

Entre os cegos, uma das ferramentas mais populares é o leitor de tela para computadores. O software de interação via áudio com o micro permite que o cego tenha uma vida online completa. Agora, as expectativas se voltam para mais um passo nesse mundo de inclusão digital, nova realidade com a linha braile. A linha braile é a conexão direta e completa do deficiente visual com o mundo digital; em braile.

CONTAR DINHEIRO

O deficiente visual tem uma grande dificuldade em reconhecer o valor das notas de dinheiro. Nos Estados Unidos, um aplicativo para iPhone, o LookTel Money Reader, ajuda deficientes visuais a reconhecer o valor das notas de dólar. A novidade é que o LookTel Money Reader identifica o Real, totalizando 20 moedas de países diferentes. O aplicativo está em português e funcionamento é simples: basta apontar a câmera do iPhone para a nota e o programa lê, em voz alta, o valor do dinheiro.

LEITOR AUTÔNOMO

Através de uma microcâmera e um software de reconhecimento de texto, o equipamento fotografa o documento e o transforma em áudio para que o usuário possa ouvir o que está escrito. Ainda que disponíveis no Brasil, são importados e caros. As linhas brailes e os leitores autônomos podem ser encontrados em algumas redes de ensino e até em instituições. Em algumas bibliotecas existe um scanner, com as mesmas funções do leitor autônomo. O equipamento é capaz de reconhecer e ler qualquer texto. Outro novo dispositivo que chama a atenção é a máquina fusora, que permite uma experiência tátil para o cego além do braile.

IDENTIFICAR OBJETOS

Cegos também podem contar com o aplicativo LookTel que, ao ser apontado para algum objeto, diz ao usuário o que ele é. O aplicativo age como um reconhecedor de objetos, podendo servir também como um leitor de texto e identificador de lojas, por exemplo.

FAZER COMPRAS

Pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, desenvolveram um dispositivo que pode ajudar pessoas com deficiência visual a interagirem com objetos de uma maneira diferente. A invenção é chamada de EyeMusic e faz algo bem ousado: escaneia o ambiente e converte as imagens em áudio por meio de um óculos equipado com câmera e fones de ouvido. O objetivo é auxiliar pessoas cegas a realizar tarefas cotidianas, como compras no supermercado.

BRAILLE PARA EMOÇÕES

Pesquisadores desenvolveram uma espécie de código Braille para as emoções, que permite que os cegos ¿enxerguem¿ as emoções dos outros. Uma ajuda e tanto para pessoas que precisam compensar as informações que a visão não lhes dá com outros sentidos, como o som. Para ajudar a resolver esse problema, o grupo de pesquisas de Réhman desenvolveu tecnologia baseada em uma webcam, um aparelho eletrônico do tamanho de uma moeda e um mostrador tátil que fica em contato com a pele do usuário. A informação visual captada pela câmera é transformada em padrões vibratórios que são passados para o usuário por meio do mostrador tátil. O primeiro passo para usar a tecnologia é aprender os padrões das diferentes expressões faciais.